Olá, pessoal. Na última postagem, falamos sobre a deterioração
dos pescados, hoje, conversaremos sobre os métodos de avaliação da qualidade do
pescado.
O processo de decomposição do pescado é bastante complexo,
por isso é impossível que se use apenas um método para avaliar a qualidade. Geralmente,
combinam-se um método sensorial (subjetivo) e um método não sensorial
(objetivo). Os métodos sensoriais são muito antigos, porém muito utilizados.
Entre os métodos não sensoriais, destacam-se os físicos (pH, tensão das fibras
musculares, propriedades elétricas, dureza do músculo, viscosidade do suco
extraído da carne, entre outros), os químicos (nitrogênio das bases voláteis
totais, nitrogênio de trimetilamina, hipoxantina, histamina, valor de K,
aminas, aminoácidos livres, H2 S, etc.) e os microbiológicos. Nesta postagem,
iremos falar sobre os métodos físico-químicos. No próximo, focaremos nos
métodos microbiológicos e sensoriais.
Métodos físico-químicos
Os métodos físico-químicos são utilizados para quantificar a
formação de compostos de degradação no pescado. Os métodos utilizados devem
seguir legislações oficiais. No Brasil, os métodos analíticos oficiais são estabelecidos
pela Instrução Normativa n. 25, de 2 de junho de 2011. Quanto ao pH, a
legislação brasileira estabelece valores máximos de 6,5 e 6,8 para as
musculaturas interna e externa dos peixes, respectivamente. As bases voláteis
totais representam o conjunto das bases nitrogenadas, como amônia,
trimetilamina, dimetilamina, monometilamina, putrescina, cadaveriana e
espermidina, normalmente presentes em pescado que deteriora.
O nitrogênio das BVT tem sido utilizado para estimar objetivamente
a qualidade do pescado (grau de frescor), esperando que, à medida que as
contagens microbianas sejam mais elevadas, seus valores aumentem, ultrapassando
o limite de 30 mg/100 g de músculo. Entretanto, muitas pesquisas recentes têm
criticado a utilização da análise de N-BVT como critério único para avaliar o
frescor desses produtos, pois algumas espécies apresentam níveis de N-BVT acima
do padrão permitido, mas demonstram estar em condições microbiológicas e
sensoriais favoráveis ao consumo. Da mesma forma, outros tipos de peixes, mesmo
contendo níveis de N-BVT compatíveis com a legislação, oferecem condições
desfavoráveis ao consumo.
A histamina é uma amina primária formada a partir da
descarboxilação por meio da enzima histidinadescarboxilase. Essa reação pode
ser acelerada por bactérias como Proteus morgagnii e Proteus vulgaris e outras
bactérias mesófilas, e por isso a medição da histamina torna-se um importante
método de avaliação da qualidade do pescado. Segundo a legislação brasileira, o
nível máximo permitido de histamina no músculo de pescado é de 100 ppm nas
espécies pertencentes às famílias Scombridae, Scombresocidae, Clupeidae,
Coryyphaenidae e Pomatomidae.
Vale ressaltar que a decomposição bacteriana no músculo do
animal libera enxofre, que em meio ácido se transforma em gás sulfídrico.
Identificar a presença de gás sulfídrico é indicada para avaliar o estado de
conservação do pescado fresco e de produtos relacionados em geral. Para isso, é
feita a combinação do gás sulfídrico com solução de acetato de chumbo,
produzindo enegrecimento do papel de filtro previamente tratado com a referida
solução-reagente. Esta prova não se aplica no caso de produtos condimentados e
em conservas de pescado que foram processadas em alta temperatura e baixa
pressão, pois pode resultar em falso positivo.
É isso aí! Não percam a próxima postagem! :)
Referências: SOARES, Karoline Mikaelle de Paiva; GONÇALVES, Alex Augusto. Qualidade e segurança do pescado. Revista do Instituto Adolfo Lutz (Impresso), v. 71, n. 1, p. 1-10, 2012.
Referências: SOARES, Karoline Mikaelle de Paiva; GONÇALVES, Alex Augusto. Qualidade e segurança do pescado. Revista do Instituto Adolfo Lutz (Impresso), v. 71, n. 1, p. 1-10, 2012.
Postagem muito interessante, galera! O pescado é bastante perecível e, por isso, necessita de cuidados especiais desde que ele é capturado, passando pelo transporte e manuseio ao chegar ao local de venda e, por conseguinte, ao consumidor. A maneira como ele é manuseado, determina a intensidade das reações enzimáticas, oxidativas e/ou oxidativas que irão gerar o mau cheiro e putrefação.
ResponderExcluirhttp://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/40077/000827108.pdf?se