Olá,
pessoal! Hoje vamos falar sobre um problema recorrente, que é a intoxicação
humana pelo mercúrio. Se você quer saber o que isso tem a ver com peixe, fique
ligado!
A
intoxicação humana por metilmercúrio (principal forma orgânica do mercúrio)
gera inúmeras sequelas. Algumas delas são dormência e sensibilidade diminuída
nas extremidades e na boca (parestesia); dificuldade de coordenar o movimento
dos pés e das mãos (ataxia); dificuldade de articular as palavras com clareza
da fala (dislalia); dificuldade de concentração, sensação de fraqueza e fadiga
constante (neurastenia); perda gradual ou total da visão e da audição e em
casos extremos pode levar ao coma e à morte. Vale ressaltar que o período de
latência para o aparecimento dos primeiros sintomas da intoxicação pelo metilmercúrio
varia muito, podendo chegar a anos. Você deve estar se perguntando: O que isso
tem a ver com o peixe que eu como?

O mercúrio é incorporado à cadeia trófica por
diferentes mecanismos e a sua acumulação no organismo do peixe é favorecida, sendo
que 80 a 95% do mercúrio total se encontra na forma metilada, a mais tóxica e a
mais lenta de ser eliminada. Assim, esse metal além de se bioacumular também se
biomagnifica, ou seja, os organismos no topo das cadeias alimentares têm
concentrações maiores que aqueles do início. O teor de mercúrio no peixe deve
ser menor que 300μg/Kg para que ele seja considerado apropriado para consumo
frequente e entre 300 e 600μg/Kg para consumo eventual. Como os peixes têm um
amplo aspecto alimentar, que varia de algas a outras espécies de peixes, é
preferível ingerir espécies que se encontrem nos níveis mais baixos da cadeia
alimentar. Para isso, é importante a contínua avaliação dos peixes mais
consumidos pela população. Esta ação permitiria a atuação mais objetiva das
autoridades e das lideranças comunitárias permitindo orientações relacionadas
às espécies mais apropriadas para consumo, aos grupos mais vulneráveis, etc.
Assim, é importante estar atento às questões
discutidas, buscando saber quais espécies são fontes mais seguras de
alimentação. E nada de pensar que a melhor opção é parar de consumir peixes,
pois, como vimos na postagem passada, eles são ótimas fontes nutricionais ;)
Até a próxima! :)
Referências:
YALLOUZ, Allegra Viviane. Método alternativo de determinação de mercúrio em amostras ambientais: uma ferramenta na prevenção de intoxicação por peixe contaminado. Cad Saúde Coletiva, v. 13, n. 4, p. 855-68, 2005.
BISINOTI, Márcia Cristina; JARDIM, Wilson F. O comportamento do metilmercúrio (metilHg) no ambiente. Química Nova, v. 27, n. 4, p. 593-600, 2004
GRUPO M: Primeiramente, antes de busca entender como se dá o processo de contaminação do ser humano com o mercúrio através da ingestão do peixe, é importante entender como ocorre a contaminação do meio que estes estão inseridos, ou seja, a contaminação dos rios lagos, mares. Como já relatado na postagem, essa contaminação ocorre através de atividades como a mineração, uma vez que utiliza-se o mercúrio para a catação do ouro, por exemplo. Porém, essa não é a única forma de contaminação, ela também pode se dar de maneira natural, afetando não só a fauna aquática, como, principalmente, o homem. É importante saber também como ocorre essa ligação do mercúrio ao peixe, por que ele é um ótimo meio de contaminação por este metal, como ocorre esta afinidade. Segundo pesquisas, essa ligação do mercúrio às proteínas presentes no peixe pode se dar de duas maneiras: a primeira é quando o metal faz parte da própria molécula de proteína, uma vez que tem-se a hemoglobina, que é uma metaloproteína e possui átomos de ferro utilizados para o transporte de oxigênio que transportará o mercúrio também. A outra maneira de transporte é quando o mercúrio se liga à proteína por ligações não específicas, formando uma proteína chamada metal-binding. Vale ressaltar a importância do estudo dessas estruturas, uma vez que elas podem funcionar como biomarcadores da presença do mercúrio no peixe. Estudos afirmam também que o mercúrio possui uma maior afinidade à proteínas pequenas, de baixa massa molar, sendo essas suas principais transportadoras e fortes candidatos a serem biossinalizadores. Existem ainda diversos fatores que favorecem a concentração do mercúrio ao peixe, como alguns fatores ambientais, por exemplo, parâmetros físicos e químicos da água, pH, temperatura, salinidade, condutividade, potencial de oxirredução, concentração de oxigênio dissolvido, turbidez, presença de íon sulfeto e carbono orgânico dissolvido, todos esses são fatores importantes para a avaliação da contaminação pelo mercúrio. Muito interessante esta postagem, uma vez que mostra a importância de uma adequada fiscalização das ações de extração de minerais e também do peixe ofertado para o consumo humano, mostrando as consequências negativas tanto para o meio quanto para o indivíduo. :))
ResponderExcluirÉ importante também lembrar que há possibilidade de ocorrer intoxicação do feto durante a gestação, devido ao consumo de peixes contaminados por metilmercúrio pela gestante, o que pode ser constatado analisando a concentração deste no cordão umbilical. Há evidências que também indicam a possibilidade do leite materno estar contaminado com o metilmercúrio, podendo causar intoxicação no bebê. As intoxicações pré-natal e neonatal geram alterações importantes e irreversíveis no sistema nervoso central, como retardo mental.
ResponderExcluirTema super relevante! Importante conhecermos as vias de intoxicação por mercúrio, pois além desta comentada no blog (por ingestão de alimentos contaminados), existem outras como a por inalação (principal via, 80% dos casos) e a cutânea. Os compostos solúveis do mercúrio são absorvidos pelas mucosas, os vapores por via da inalação e os insolúveis pela pele e pelas glândulas sebáceas. Uma vez no sangue, ele se fixa às proteínas (albumina) e aos glóbulos vermelhos, sendo daí distribuído para vários sistemas orgânicos, explicando a enorme quantidade de manifestações clínicas: dor intensa, vômitos, coloração acinzentada da boca e faringe, sangramento das gengivas, sabor metálico na boca, ardência no trato digestivo, diarreia severa ou sanguinolenta, estomatite, glossite, nefrose, graves problemas hepáticos, problemas nervosos, caquexia, anemia, hipertensão e até possibilidade de alteração cromossômica!
ResponderExcluirAguardando as próximas postagens :D
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirGrupo H
ResponderExcluirÉ interessante como um fato por vezes negligenciado pode afetar nossa vida, tanto pessoal quanto na prática médica. Como tão bem colocado pelo grupo G, a contaminação por mercúrio se apresenta clinicamente através dos mais variados sintomas, o que nos leva a um fator primordial no diagnóstico: a história clínica bem feita e o conhecimento real dos determinantes sociais de saúde daquele local. Só assim o diagnóstico pode ser feito sem atrasos ou maiores prejuízos à saúde do usuário.
GRUPO I
ResponderExcluirÓtimo post... apesar de ser um assunto não tão debatido na população, é um tema de extrema importância. Vale ressaltar que esse fato se conceitua MAGNIFICAÇÃO TRÓFICA, que é um fenômeno que ocorre quando há acúmulo progressivamente maior de uma substância tóxica de um nível trófico para outro ao longo da cadeia alimentar por causa da redução da biomassa. Pode-se perceber que tal problemática não se restringe apenas ao iodo, mas também a diversas substâncias como o Benzeno Hexa Clorado, uma substância que fora bastante utilizada como inseticida. Desse modo os consumidores apresentam maior concentração dos produtos tóxicos que os produtores. Ansioso pelas próximas postagens... Abraços!
GRUPO C
ResponderExcluirMuito pertinente a postagem de vocês, parabéns!
Um aspecto a ser ressaltado é que a a quantidade mercúrio existente no organismo do individuo pode ser medida pela analise da concentração do mesmo presente nos fios de cabelo. Isso mesmo que você ouviu, CABELO! A partir dessa análise foi feita uma pesquisa em duas cidades do estado de São Paulo, Cubatão e Cananéia. A primeira cidade possui índices altos de poluição e a segunda possui uma quantidade bem maior de consumidores de peixe. Quando as amostras dessas duas cidades foram colhidas e analisadas, o resultado surpreendeu os pesquisadores. Ao contrario do esperado por eles, a quantidade de mercúrio nos fios de Cananeia eram maiores que dos fios de Cubatão. Ou seja, aparentemente, a via de contaminação alimentar é mais eficiente e pode trazer prejuízos muito sérios considerando a toxicidade do Hg.
Portanto, tome cuidado com o que você come!
OBS.: adorei o título, achei bastante criativo!
Aguardando ansiosamente as próximas postagens.
Ótimo escolha de tema. Realmente é uma pena que em nosso país não tenhamos esclarecimentos sobre esse assunto, afinal temos um vasto litoral e, por conseguinte, diversas famílias que tem no peixe sua principal fonte de proteína e minerais. Cabe salientar também a gravidade da intoxicação por mercúrio em gestantes, segundo o pesquisador do Departamento de Saúde Pública da Califórnia Dr. Alyce Ujihara: "A grande exposição ao metil mercúrio de uma mulher grávida pode afetar o cérebro do seu bebê e o seu sistema nervoso".
ResponderExcluirhttp://www.surfguru.com.br/ciencia/2013/05/consumo-de-peixe-em-excesso-pode-levar-a-intoxicacao-por-mercurio.html
Grupo D
ResponderExcluirMercúrio que medooo.... Como foi dito no blog toda vez que um organismo contaminado por mercúrio estiver em nível inferior numa cadeia trófica, seu predador absorverá aquele mercúrio orgânico, mas revelará concentrações comparativamente aumentadas – biomagnificação. Em estudo de avaliação da presença de Hg em diversos tipos de peixes, em ambiente contaminado, observou-se que o metal se concentrava mais intensamente à medida que se evoluía na cadeia trófica: os peixes vegetarianos apresentavam 6,64 ppm; os peixes que se alimentavam de invertebrados 12,4ppm; os onívoros 26,6 ppm; os peixes piscívoros 40,2 ppm. Além disso o mercúrio e seus compostos estão naturalmente presentes, na forma de traços inferiores a 500 ppb, em plantas que crescem em solos com baixas concentrações de Hg. Asplantas terrestres próximas de depósitos de Hg apresentam níveis de 200-30.000 ppb. Os vegetais tendem a ser mais insensíveis aos efeitos tóxicos dos compostos mercuriais. Em plantas superiores observa-se que o Hg pode interferir na fotossíntese, na transpiração, na absorção de água e na síntese de clorofila, sendo que esses efeitos podem ser atribuídos mais aos danos causados às raízes do que propriamente a uma ação direta do metal. As ervas tendem a acumular mais metais que as gramíneas e os vegetais de folhas verdes. Temos que tomar cuidado com esse metal!!!