segunda-feira, 27 de abril de 2015

EXPOSIÇÃO AO SOL E CÂNCER DE PELE NO PESCADOR

Olá pessoal! O nosso post dessa semana vai discutir uma temática bem relevante e que está presente de forma frequente no dia a dia do pescador: a ampla exposição aos raios solares e as consequentes alterações na bioquímica da pele, com destaque para o câncer de pele.
A radiação proveniente do sol apresenta efeitos benéficos para a saúde. Esta estimula a produção da vitamina D3(colecalciferol), está envolvida no metabolismo ósseo e no funcionamento do sistema imunológico e é utilizada no tratamento de doenças de pele como psoríase e vitiligo. Entretanto, a exposição excessiva ao sol em horários de alta incidência, continuamente e ao longo de muitos, seja por questões de lazer ou de trabalho como no caso dos pescadores, está diretamente ligada ao desenvolvimento de câncer, sobretudo o de pele. 

A radiação solar é composta por espectro contínuo de radiação eletromagnética que apresenta divisão e denominação em concordância com o intervalo de comprimento de onda (λ). No processo de ocasionamento do câncer o que merece atenção é a radiação UV. Esta é dividida em três tipos de acordo com a amplitude de onda:
·         UV-A: emissões de 315-400 nm, constituem 98,7% da radiação ultravioleta que chega à superfície da Terra. Este tipo de radiação é um dos principais produtores de radicais livres, podem alterar as células em longo prazo e desencadear:

ü  Interação direta com o DNA, produzindo mutações nos dímeros de pirimidina que estão associadas ao câncer de pele;
ü  Fotoenvelhecimento (modificação da orientação das fibras de elastina e de colágeno, provocando o relaxamento e a perda de firmeza da pele e o aparecimento de rugas);
ü  Intolerâncias solares: normalmente designadas por alergias solares (vermelhidão, prurido)
ü  Desordens pigmentares (cloasma, manchas pigmentadas)

·         UV-B: emissões de 280-315 nm ,depende do ângulo do sol e da cobertura de nuvens.  São responsáveis pelo bronzeado, pelas queimaduras (golpes de sol/escaldões), bem como pelas reações alérgicas e cancros cutâneos.
·         UV-C: emissões de 200-280 nm, considerada letal, é normalmente absorvida de forma completa pelo oxigênio (independe da espessura da camada de ozônio).

RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA NO DIA A DIA DO PESCADOR E O CÂNCER DE PELE
No Brasil, o câncer mais frequente é o de pele, correspondendo a cerca de 25% de todos os tumores diagnosticados em todas as regiões geográficas segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA).  Alguns aspectos relacionados a fatores fenotípicos, como o tipo de pele, cor dos olhos e cabelo, tendência ao bronzeamento, queimaduras e sardas, juntamente com a história pessoal e/ou familiar de câncer de pele e a diminuição da capacidade de reparo do DNA, também são fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de pele (NORA; RAWASHDEH, 2004).  Entretanto, exposição à radiação ultravioleta é a mais fortemente associada com o risco de desenvolver câncer da pele e essa tal exposição ocorre diariamente na rotina de trabalho dos pescadores. Os raios UV, em especial a UVB, além de facilitarem mutações gênicas, exercem efeito supressor no sistema imune cutâneo.

→  Como a radiação altera a pele e provoca o câncer?
A radiação UV é absorvida por diversos cromóforos na pele, tais como: melanina, DNA, RNA, proteínas, aminoácidos aromáticos, como a tirosina e o triptofano, ácido urocânico, entre outros. A absorção da radiação UV pelos cromóforos gera reações fotoquímicas diferentes e interações secundárias, envolvendo espécies reativas do oxigênio, que resulta em efeitos prejudiciais quando da exposição em excesso.
O DNA é um dos principais alvos da radiação UV. As pirimidinas sofrem modificações fotoquímicas, resultando em dímeros de ciclobutano e demais subprodutos que são reparados, fisiologicamente, por enzimas específicas. ABC excinuclease, DNA polimerase I e DNA ligase são exemplos de enzimas que participam do sistema de reparo do DNA. Este sistema é eficaz; entretanto, o excesso de exposição solar pode tornar a reparação menos eficiente. Assim, ocorre a iniciação do processo cancerígeno, no qual células normais de um determinado órgão ou tecido são convertidas em células com potencial para tornarem-se tumor.
Esse câncer de pele pode dividido em duas categorias basicamente, o câncer de pele do tipo não-melanoma (CPNM) e o do tipo melanoma cutâneo (MC). O melanoma cutâneo (MC) é o câncer de pior prognostico devido ao seu alto potencial de produzir metástases com rapidez.  O diagnóstico precoce é muito importante, já que a maioria dos casos detectados no início apresenta bons índices de cura.
Assim, é preciso atuar na geração de informação a respeito do assunto, principalmente para esse grupo de trabalhadores que está exposto ao risco ainda maior levando em consideração sua rotina de trabalho. Promover a prevenção do câncer de pele como também de outras lesões provocadas pelos raios UV é necessário, conscientizando sobre evitar exposição ao sol sem fotoproteção, incentivando o uso de chapéus, óculos escuro e filtros solares durantes as atividades de pesca, tentar evitar exposição ao sol em que os raios ultravioletas são mais intensos (10 às 16 horas) e realizar o autoexame da pele regularmente. 
Espero que tenham gostado e até a próxima!
REFERÊNCIAS:
ALVES, Rayanne Stefhanie. Ocorrência e percepção de câncer de pele entre pescadores profissionais em Cáceres, Mato Grosso. Cáceres/MT; dezembro, 2013.
Instituto Nacional do Câncer http://www1.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=21
BALOGH, Tatiana Santana et alProteção à radiação ultravioleta: recursos disponíveis na atualidade em fotoproteção. An. Bras. Dermatol. [online]. 2011, vol.86, n.4, pp. 732-742. ISSN 0365-0596.  http://dx.doi.org/10.1590/S0365-05962011000400016. 

6 comentários:

  1. GRUPO I

    Ótimo post! Importante salientar que pessoas com a pele, cabelos e olhos claros têm mais chances de sofrer câncer de pele, assim como aquelas que têm albinismo ou sardas pelo corpo. Uma pele que sempre se queima e nunca bronzeia quando exposta ao sol também corre mais risco. Aqueles que têm muitos nevos (pintas) espalhados pelo corpo também devem ficar atentos a qualquer mudança, como aparecimento de novas pintas ou alterações na cor e formato daquelas que já existem. Pessoas com pintas ou manchas de tamanhos grandes também devem ficar atentas.

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  2. Postagem excelente e super relevante,afinal estamos em um país tropical com uma enooorme exposição à radiação solar. Conforme salientado na postagem, existem dois tipos principais de câncer de pele: os não-melanoma, geralmente das células basais ou das escamosas, e os melanomas, que têm origem nos melanócitos, as células produtoras de melanina. Na maioria das vezes, melanomas aparecem em pessoas de pele clara, no tronco nos homens, ou, em membros inferiores nas mulheres – embora possam surgir em outras partes do corpo também. É relevante lembrar que é recomendável checar a pele pelo menos uma vez por mês usando um espelho. É uma forma de conhecer o padrão de pintas, sardas, verrugas e perceber se ocorrer alguma mudança. Fique atento ao aparecimento de novos sinais na pele, ou crescimento dos que já existem. Pontos da pele que apresentam mudança de cor, forma ou tamanho exigem uma consulta ao médico.
    http://www.hcancerbarretos.com.br/cancer-de-pele

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  3. Muito interessante e importante essa postagem! Como já dito, o câncer de pele é o de maior incidência no Brasil, sendo que em 2014, 188020 novos casos são estimados. Assim, em 1999, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) criou o Programa Nacional de Controle do Câncer de Pele (PNCCP), que criou a Campanha Nacional de Prevenção ao Câncer de Pele, responsável por dar informação, diagnóstico e tratamento de qualidade aos brasileiros gratuitamente. Em 2012, foi criado o Dia Nacional de Combate ao Câncer de Pele, que será celebrado dia 7 de novembro em 2015. Um fato curioso e de desconhecimento da maioria é que a SBD disponibiliza em seu site e de forma gratuita uma Calculadora de Riscos para Câncer de Pele, no qual os usuários respondem questionários e recebem informações sobre as chances de desenvolverem a doença no futuro; lembrando que é apenas de caráter informativo e não substitui a consulta a um dermatologista.
    Muito boa postagem, só peço que mudem o plano de fundo, algumas partem ficam de difícil entendimento...apenas uma dica :)

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  4. Ótima postagem! Ainda mais porque o câncer de pele é o mais comum de todos os tipos de câncer e representa mais da metade dos diagnósticos da doença, sendo que a maioria dos casos de câncer de pele poderiam ser evitados com medidas simples de proteção solar. No entanto, as estimativas do INCA e os dados coletados na Campanha Nacional de Prevenção ao Câncer de Pele da Sociedade Brasileira de Dermatologia mostram que os brasileiros estão longe de se proteger adequadamente do sol, o que contribui para elevar a incidência da doença. Mas esse problema não é exclusivamente nosso e nem é recente, pesquisas relatam que britânicos acima dos 65 anos têm sete vezes mais chances de contrair câncer de pele do que há 40 anos, o que foi ocasionado pela exposição ao sol sem proteção na praia durante os anos 60. Muito importante debatermos esse tema!
    Até a próxima postagem (:

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  5. Grupo D
    Ótimo post!! O número de pessoas que exercem a profissão de pescador que não têm idéia dos perigos da exposição excessiva ao sol é alto. Para tanto postagens assim bem explicadas são uma ferramenta a mais na divugação para essas pessoas. Como informação adicional é importante ressaltar alguns dos sintomas aos quais devemos estara atentos. As queixas mais comuns relacionadas ao câncer da pele são: mancha que coça, doi, sangra ou descama; ferida que não cicatriza em 4 semanas; sinal que muda de cor textura, tamanho, espessura ou contornos; elevação ou nódulo circunscrito e adquirido da pele que aumenta de tamanho e tem aparência perolada, translúcida, avermelhada ou escura. Se algum dos sinais acima forem notados é importante procurar atendimento médico no intuito de evitar qualquer complicação futura.

    Referências: Normas e Recomendações do INCA. Prevenção do câncer da pele.

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